A primeira vitória em Rio-Nais

A primeira vitória em Rio-Nais

Trecho retirado do Almanaque de 80 Anos de Candido Otto da Luz

Demorou mas veio. Depois de 17 jogos realizados desde 1930, finalmente, no dia 12 de maio de 1940, quatro dias antes de completas 12 anos de fundação, o Internacional conseguiu sua primeira vitória sobre o tradicional rival, o Riograndense. O autor do gol histórico foi Juvêncio Dias da Silveira, o Navalha, em jogo válido pelo Citadino, realizado no Campo do Militar, num domingo de nuvens carregadas prenunciando o temporal que cairia à tardinha na cidade.

O jornal A Razão na edição de terça-feira, 14/05/1940, estampou em manchete, na página 5:

MEMORÁVEL VITÓRIA DO INTERNACIONAL SOBRE O RIOGRANDENSE
Num embate repleto de lances sensacionais, o onze alvirrubro (no original, colorado) levou de vencida o campeã da cidade por 1 a 0.

A intermediária rubra parou a famosa ofensiva dos Eucaliptos, destacando-se Zelo, como um eixo de grande classe – Navalha despachou o balão para as redes inimigas aos 20 minutos da etapa final – Assis, o melhor dos perdedores – Jogo equilibrado – Detalhes.

No texto da ampla matéria, todos os detalhes da vitória alvirrubra.

“Apresentando um esquadrão de grande classe, o Internacional obteve, domingo, a primeira e memorável vitória de sua existência de doze anos, sobre o poderoso conjunto do Riograndense. O cotejo, que os observadores desportivos previam como espetacular, correspondeu amplamente a expectativa.

(…) Pode-se dizer que Zelo foi o construtor da vitória. Distribuiu cerca de 150 bolas e apenas 5 ou 6 não foram exatas aos pés dos insideres Tumbia e Rato.

(…) Iam 20 minutos do jogo movimentado na segunda fase, quando Cherubim alivia forte e Itaqui emenda para a direita. Navalha recebe e escapa pela ala, assediado por Joãosinho. O ponta alvirrubro fecha e poucos passos além do risco brando, apesar do adversário assediá-lo, despacha o couro quase rasteiro, na esquina contrária a que se encontrava Salaberri, deixando o arqueiro dos Eucaliptos completamente fora de chance. Delirou a torcida alvirrubra e o jogo prosseguiu movimentado. 

(…) Instantes depois, aos 30 minutos, há um bate bola em frente ao arco de Salaberri. O couro vai ao poste direito e depois ao esquerdo para finalmente Navalha arrematar, mandando às redes. O arbitrou anulou o golo, sob a justificativa de que Assis tocara com a mão no couro, antes do arremate de Navalha e injustificadamente mandou bater tiro livre do risco branco, quando devia ter cobrado a penalidade máxima. Bate King e atira desviado.

(…) Mais algumas jogadas movimentadas, com a intermediária alvirrubra dominando o campo, e termina o grande embate: Internacional 1 Riograndense 0.”

Na análise dos melhores, o jornal destacou, entre os vencedores, Rosenhein, Cherubim e King, no setor defensivo. No meio-campo, destacou-se Zelo “que apareceu como um eixo de grande classe. Itaqui insuperável. Zepelin ótimo na marcação e eficiente no auxílio aos deanteiros”. No ataque “Rato e Tumbia foram os que mais de destacaram. Os dois insideres atuaram com sangue e vigor, construindo ataques perigosos.”

Com relação a arbitragem, Ivo Fraga agradou “mesmo tendo apitado demasiadamente. Não permitiu o jogo violento e esteve sempre ativo. A nosso ver errou ao anular o segundo golo de Navalha. Se houve toque anterior de Assis, cabia o pênalti e não o tiro livre do risco branco.”