O Inter-SM teve como seu primeiro estádio o Campo do Militar, que ficava localizado em frente ao quartel da Brigada Militar, e era conhecido como “Estádio do Pacaembu”. Além disso, utilizada por vezes o estádio do rival Riograndense para mandar jogos.
Segundo pesquisas do autor Candido Otto da Luz, em seu Almanaque de 80 Anos, em 1942 já haviam discussões para a construção do estádio alvirrubro. O mesmo traz na página 58, texto do Jornal A Razão na edição de 23 de junho de 1943: “Ontem à tarde, acompanhado dos desportistas Joaquim Falcão e Gregório Coelho, o presidente do Internacional esteve em conferência com o prefeito Miguel Meirelles. O assunto foi a construção do estádio internacionalista, que vem preocupando o atual dirigente do campeão da cidade. Após a conferência, interpelado pela reportagem, Hidebando Marques Viana manifestou que as demarches estão bem encaminhadas.”
Já na página 60 do Almanaque, Candido nos traz a reportagem do jornal A Razão na edição de 12 de outubro de 1943:
“Designadas as Comissões encarregadas da construção do estádio do Internacional
Prossegue com êxito a campanha lançada pelo E.C. Internacional para a construção do seu estádio, que será erguido em terreno já doado pelo Dr. Miguel Meirelles, Prefeito Municipal, e situado nas proximidades do quartel do 7º Regimento de Infantaria. Em sua última reunião a diretoria do clube designou as diversas comissões encarregadas de levar avente essa iniciativa a fim de que ainda este ano seja dado início a construção da referida praça de esportes. As comissões são as seguintes:
Junto aos bancos e sociedades: Peri M. Coelho, José Sfredo Sobrinho, Ângelo Uglione e Joaquim Falcão.
Junto ao comércio e indústria: Ângelo Bolson, Elias Achutti e Asclepíades Mendonça.
Junto aos particulares: Gregório M. Coelho, Olinto de Oliveira Neto, Aloísio Gomes, Alcides Gomes, Erico Weber, Romano Franco, Ivori Coelho, Filemon Ortiz de Andrade, Crescêncio Vieira, Marconi Mussói e João Ferreira.
Comissão de senhoritas: Nair Coelho, Norica Mates, Ceci Coelho, Teresinha Franco e Ugliudes Abreu.
Essas comissões entraram imediatamente em atividade, lançando a Campanha Pró-Tijolos”.
Candido Otto da Luz nos traz nas páginas 62/63/64 do Almanaque:
Na edição do dia 29 de outubro de 1943, página 4, jornal A RAZÃO publicou a seguinte matéria:
A Construção do novo estádio do Internacional
“Ontem, em prosseguimento da campanha lançada pelo E.C. Internacional pró-construção de sua praça de esportes no terreno existente nos fundos do quartel do 7º Regimento e que foi doado para esse fim pelo Dr. Miguel Meirelles, Prefeito Municipal, a comissão encarregada de visitar o comércio, constituída pelos desportistas Ângelo Bolson, Asclepíades Mendonça e Elias Achutti, registrou o oferecimento de mais de 14 mil tijolos, com o que se eleva a 81 mil o número de tijolos doados para a concretização de uma das mais jutas aspirações dos esportistas santamarienses, ver a cidade dotada de mais um estádio no qual a nossa juventude possa aperfeiçoar o seu desenvolvimento físico (…)
(…) O chefe do governo do município designou funcionários técnicos da municipalidade para a elaboração da planta do futuro estádio, a qual foi projetada pelo Engenheiro Floriano Dias, Chefe da Diretoria de Obras e Viação e exposta numa das vitrines da Livraria do Globo. Agora, também por solicitação do prefeito municipal, o Engenheiro Floriano Dias está projetando a planta do pavilhão do futuro estádio. Dentro em breve a planta será exposta numa das vitrines da cidade.
Início das obras de construção do estádio alvirrubro serão iniciadas na próxima semana com o serviço de terraplanagem (…)”
Elias Achutti
Na edição do dia 5 de novembro de 1943, página 4, o jornal A RAZÃO publicou a seguinte matéria:
Cento e cinquenta mil tijolos já foram doados para a construção do estádio do Internacional
“(…) Com efeito, até ontem à tarde a comissão encarregada de levar avante esse grande empreendimento já havia anotado oferecimento por parte de elementos do comércio e sociedade locais de um total de 150 mil tijolos. O prefeito Miguel Meirelles mostrou-se entusiasmado com os trabalhos já realizados pela comissão, a quem hipotecou novamente a decisão do governo do município de auxiliar em tudo o que for possível à concretização dessa justa aspiração dos esportistas santamarienses. O terreno que foi doado pelo governo do município é um quadrilátero situado entre as Avenidas Independência e 2 de Novembro, rodovia perimetral e rua Coronel Niederauer.
O estádio também contará com um monumental pavilhão de dois pavimentos com 110 metros de comprimento (…) Esse pavilhão terá espaço para 6 mil espectadores, possuindo também acomodações na parte térrea (…) O estádio está orçado em 500 mil cruzeiros aproximadamente (…)
O governo do estado apoia a iniciativa – conforme noticiamos, o E. C. Internacional enviou um memorial ao interventor federal nesse estado, Coronel Ernesto Dornelles, solicitando um auxílio de 50 mil cruzeiros para a construção do estádio. O Coronel Ernesto Dornelles respondeu a esse memorial manifestando a simpatia do governo do estado em torno do empreendimento e afirmando que já autorizara pela sessão competente do seu governo o estudo do auxílio solicitado.”
Na edição do dia 10 de novembro de 1943, página 8, o jornal A RAZÃO publicou que “ESSE ESTÁDIO, segundo deliberação da diretoria do clube colorado e da comissão encarregada de sua construção, DENOMINAR-SE-Á PRESIDENTE (Getúlio Dorneles) VARGAS em homenagem ao sexto aniversário da instituição do Estado Novo que hoje se comemora em todo o país (…)”
Outra determinação tomada na época era de que o pavilhão principal do estádio levaria o nome de Dr. Miguel Meirelles.
A planta plana do Estádio Presidente Vargas, elaborada pelo Engenheiro Floriano Gonçalves Dias, foi concluída dia 13 de novembro de 1943 e exposta nas vitrines da Livraria do Globo. O terreno possuía uma área de 32.926 m2. As dimensões projetadas para o gramado eram de 110 metros de comprimento por 75 metros de largura.
Na edição do dia 14 de dezembro de 1943 o mesmo jornal A RAZÃO destacava a solenidade de lançamento da Pedra Fundamental do Estádio Presidente Vargas “realizada domingo último, às 10 horas na Avenida Independência” em ato presidido pelo general Cândido Caldas, comandante do ID/3 da Guarnição e pelo prefeito municipal Miguel Meirelles. Inicialmente foi lavrada uma Ata da solenidade que recebeu a assinatura dos presentes, num total de mais de cem. Após, uma cópia desse documento, juntamente com o exemplar de A RAZÃO e moedas da época, foram colocadas numa urna. O general Cândido Caldas deu a primeira pá de cimento, gesto seguido pelo prefeito municipal, representantes dos comandos do exército. Nessa ocasião usou a palavra o orador oficial da solenidade desportista Gregório Coelho, que pôs em relevo a iniciativa do E. C. Internacional, iniciada com o apoio do governo do município e das altas autoridades do Estado a construção “de uma das mais lindas e confortáveis praças de esportes do Rio Grande do Sul”.
No dia 23 de dezembro de 1943, os senhores Asclepíades Mendonça, Ângelo Bolson e Elias Achutti divulgaram o seguinte telegrama recebido:
“O Presidente da República teve satisfação em tomar conhecimento do vosso telegrama de 17 do corrente a propósito do lançamento da pedra fundamental do estádio Presidente Vargas. Ass. Luiz Vergara, Secretário da Presidência da República.”
Imagens retiradas da página Memorial Virtual Inter de Santa Maria, no Facebook.
Na edição do dia 10 de setembro de 1947, página 2, o jornal A RAZÃO publicou a seguinte matéria:
“Em condições de jogo o novo estádio da cidade”
Na tarde de anteontem uma comissão composta pelo dr. Lauro Mena Barreto, representante na cidade da Federação Riograndense de Futebol, dr. Célio Martins Ustra, presidente da Liga Santamariense de Futebol, Mário Segalla, diretor de inscrição, Capitão Júlio Siqueira, secretário executivo e Agnelo Gallo, procedeu vistoria do novo estádio do E. C. Internacional chegando à conclusão que a referida praça de esportes se encontra em condições para a prática do futebol. Esse resultado foi comunicado telegraficamente à Federação Riograndense de Futebol. Juntamente com a comissão referida, compareceram como convidados especiais representantes de clubes filiados. Domingo próximo será disputado no novo estádio a primeira partida oficial, sendo adversários Internacional e Guarany pelo campeonato da cidade.
Obs.: A inauguração do Estádio Presidente Vargas foi adiada três vezes devido ao mau tempo: dias 24 e 31 de agosto e dia 14 de setembro. Nas duas primeiras datas seria o clássico Rio-Nal; na terceira data, a partida contra o Guarany foi nos Eucaliptos, pois o gramado do Presidente Vargas não apresentava condições. No dia 27 de agosto, o jornal A RAZÃO usou pela primeira vez a denominação “Baixada Melancólica”, referindo-se ao estádio do E. C. Internacional. A intenção da direção colorada era trazer o Internacional de Porto Alegre para o jogo inaugural do seu estádio, mas devido a lesões de vários jogadores, como Tesourinha, Carlitos, Alfeu e Viana, tornou-se inviável a vinda do clube da capital.
O jogo inaugural foi uma vitória do Riograndense por 4×0.
Candido Otto da Luz traz nas páginas 166 e 167 do Almanaque:
A direção colorada lançou uma campanha para a construção do novo estádio, em área adquirida no Km-4 da Faixa de Camobi. Títulos patrimoniais foram colocados à venda. O time sagrou-se Campeão Regional e Bicampeão Citadino. Nesse ano foram colocadas as traves “rolíças” (de ferro). Até então eram traves de madeira.
Na sequência, reprodução de anúncio publicado em A Razão que enfocava a campanha pelo “Colosso da Faixa de Camobi”. E depois, imagem de título patrimonial para o novo estádio. Observem que a data da fundação, impressa abaixo do nome do clube, está errada (17 de maio, quando a correta é 16 de maio).